PORTO DE SANTOS NO III MILENIO

Os 104 sócios do governo no maior porto do Brasil

Seg, 18 de Julho de 2011 14:39
Eles são a maioria absoluta nas assembleias gerais da Codesp, a administradora do Porto de Santos. São funcionários da companhia, antigos e atuais integrantes de sua diretoria, políticos, advogados, sindicalistas, empresários do agribusiness e do setor de navegação e representantes de entidades como a Prefeitura e a Santa Casa da Misericórdia de Santos. Enfim, são os 104 sócios do Governo Federal no maior complexo marítimo do País. Mas não têm poder de decisão. Afinal, juntos, como acionistas minoritários, detêm apenas 0,03% do capital social da Companhia Docas, enquanto a União controla os 99,97% restantes. Porém, apesar do pouco poder, querem contribuir para o sucesso do cais santista e mostrar que estão e querem continuar atentos ao dia a dia da Docas de São Paulo. Uma demonstração disso é que a maioria irá pagar, até o próximo dia 6, uma quantia irrisória, que pode chegar a centavos, para manter seu percentual na participação do capital social da Companhia. O valor foi estipulado no início do mês pela Codesp, após ter seu capital aumentado em R$ 176 milhões em junho último. O incremento foi publicado no Diário OficialdaUnião. O valor a ser pago pelos acionistas é diretamente proporcional à quantidade de ações de cada um. O pagamento pode não alterar o poder desses indivíduos sobre os planos e projetos da Codesp, mas, ideologicamente, eles acreditam que faz toda a diferença. ACIONISTAS O acionista minoritário com maior participação, quando se trata de ações ordinárias, é o Grupo Fischer, dono da Citrosuco, com 20,4 milhões de ações. A Libra Terminais S.A. fica em segundo, com 13,2 milhões. Em relação às ações preferenciais, a Libra sai na frente com 13,2 milhões, contra 5,4 milhões do Fischer. Na somatória das duas, a Libra continua na liderança. Entre as pessoas físicas, o presidente do Grupo Rodrimar, Antonio Celso Grecco, lidera com 839,8 mil ações ordinárias. Em seguida aparece Álvaro Marques Canoilas, acionista do Grupo Libra, com 758 mil ações. O presidente da Docas, José Roberto Correia Serra, também está na lista, com apenas 12 ações. Entre os políticos acionistas, estão a deputada estadual (PT) Telma de Souza e o deputado federal Valdemar Costa Neto (PR-SP). Integrava o grupo o ex-prefeito de Santos Paulo Gomes Barbosa, falecido. Todos conseguiram suas ações por meio de doação, compra (de outros acionistas) ou herança. Essas são as únicas formas de se tornar sócio do Governo no Porto de Santos, pois a Codesp não tem capital aberto, apesar de estudar a possibilidade. Alguns adquiriram seus papéis na década de 80, quando a Docas de São Paulo foi criada como uma sociedade anônima e a União vendeu 0,03% do capital social da empresa. Outros sócios adquiriram ações ao longo dos anos, como o presidente do Sindicato dos Empregados na Administração Portuária (Sindaport), Everandy Cirino dos Santos, que detém 820 ações, doados há oito anos pelo empresário Nelson Oly Varella."Ele achava que eu tinha posições fortes contra algumas questões relacionadas ao Porto de Santos, como arrendamentos, relacionamento com usuários. Então, ele achava importante que eu participasse das reuniões de acionistas", explicou Cirino, interessado em continuar com as mesmas ações. "Precisoir na Codesp manifestar meu interesse. É importante acompanhar o dia a dia da empresa. Há dois anos teve um reajuste, eu também tive que pagar e paguei. Foram R$0,25". O advogado José Francisco Paccillo conta com mais de 7 mil ações, compradas de outro acionista. Ele afirmou que as tem para contribuir como cidadão em um empreendimento público. "Acho importante participar como acionista e cidadão. É preciso ter conhecimento para poder cobrar, exigir, valorizar", disse. Ele pretende integralizar o valores tipulado pela Codesp. Outra acionista é a Prefeitura de Santos, que tem 196 ações ordinárias.O secretário de Assuntos Portuários e Marítimos de Santos, Sérgio Aquino, diz que a Administração não pretende integralizar a quantia, de apenas R$0,20. "Isso não vai mudar o percentual da Prefeitura, já que é tão ínfimo e nem está próximo do maior dos minoritários". O diretor-executivo do Sindicato das Agências Marítimas do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque, se tornou acionista nos anos 90, quando foi indicado para o Conselho Fiscal da Docas. Ter ações da empresa era exigência para ser conselheiro. Segundo o ex-gerente da Codesp, as ações particulares foram adquiridas na mesma época. Roque as comprou dos empresários Rubens Silva e Nelson Oly Varella. Como tem 17 mil ações, ele terá que integralizar R$ 6,79 para manter sua parcela. "Faço parte do segmento, sou nativo de Santos. Acho importante participar da dinâmica do Porto. Desejo que ele se recupere e cresça mais ainda nos próximos anos e quero participar do dia-a-dia desse crescimento. Também é bom fiscalizarmos se tudo está andando corretamente".
Última atualização em Seg, 18 de Julho de 2011 14:40